Cidade do Silêncio: Consciência política para comunicar
Quando ouvimos alguém citar o filme “Cidade do Silêncio", não temos a noção da qualidade da arte, pela simplicidade de seu título. Porém com a sinopse podemos ter uma idéia do que iremos encontrar em seu conteúdo: “Graças ao Tratado de Livre Comércio empresas do mundo inteiro montaram fábricas no México, na fronteira com os Estados Unidos. Com mão-de-obra barata e isenção de impostos, estas companhias fabricam produtos a baixo custo, que são vendidos nos Estados Unidos...”. A obra de Greogry Nava é baseada em fatos reais, que retrata mais que a realidade de mulheres mexicanas da “Cidade Juarez” (norte do México, estado de Chihuahua, fronteira com o Texas, nos Estados Unidos), retrata as relações de produção do sistema capitalista, como, da mesma forma, as relações políticas dos meios de comunicação, da força policial e políticos, quando estes defendem os interesses dos empresário-capitalistas. Em meio às relações de corrupção e as falsas e coniventes condutas jornalísticas, restam à exploração, a injustiça, a violência e a desigualdade, desigualdade essa de que somos todos/as (trabalhadores/as do mundo) vítimas. A cidade, com cerca de 1.300.000 habitantes, tem a economia voltada para indústrias montadoras de equipamentos eletrônicos destinados a exportação, onde a maioria de trabalhadores são mulheres, no filme, as operárias são contratadas para trabalhar nas fábricas de monitores de TV, sob um regime de trabalho desumano, de quase escravidão. São submetidas a longas jornadas de trabalho e a baixíssima remuneração. Seriam características semelhantes a muitos outros lugares do mundo onde mulheres são mais exploradas em relação a sua força de trabalho e a particularidade do seu trabalho duplicado. No entanto, a Cidade Juarez é uma cidade sob ameaça para sua população feminina, que vem sendo cruelmente aniquilada desde 1993. Segundo dados da Anistia Internacional, organização que promove a defesa dos direitos humanos em todo o mundo, 398 mulheres de Juarez foram assassinadas de 1993 a2006. A maioria dos casos de morte ou desaparecimento ocorreu quando as mulheres estavam indo ou voltando de seus trabalhos nas fábricas. Informações não oficiais, havia cerca de 600 mulheres desaparecidas em Juarez; todos os cadáveres encontrados revelavam que elas foram vítimas de violências sexuais, mutiladas e desfiguradas e todas elas foram estranguladas, sendo que nem todas puderam ser identificadas. A jornalista americana Lauren Adrian (protagonizada por Jennifer Lopez) é enviada de Chicago para o México com a tarefa de fazer um “furo de reportagem” e descobrir tudo o que os outros jornalistas não descobriram. Chegando ao local, a jornalista busca ajuda de seu amigo, Alfonso Diaz (Antonio Banderas), jornalista que comanda o jornal Sol de Juarez e exerce sua profissão com muita paixão e dedicação (um típico herói americano: bonitão, justiceiro, bondoso e apaixonado). Chegando logo a Juarez Lauren conhece Eva Jimenez (interpretada pela atriz Maya Zapata), uma operária de dezesseis anos, que conseguiu sobreviver a um estupro e a uma tentativa de assassinato, sendo seu agressor o motorista do ônibus que transportava as operárias da fábrica. Na trama a dupla “salvadora da pátria” vai tentar desvendar o mistério por trás dos assassinatos, colocando suas próprias vidas em risco. Em se tratando de uma produção americana, não poderíamos deixar de ver mais uma demonstração de heroísmo por parte deles, já que os Estados Unidos acreditam que são os salvadores do mundo e que os latinos americanos são simplesmente: “um bando de índios selvagens que mal conseguem sobreviver sozinhos, que dirá proteger os seus”. Apesar desses detalhes característicos da ideologia americana, não podemos deixar de valorizar a crítica existente no filme. Tanto em relação ao que se refere às questões da exploração social, da violência sexual e dos direitos das mulheres; quanto das questões de desigualdade e explorações essenciais ao sistema capitalista, como da mesma forma, e particularmente aqui, sobre o que diz respeito às condições reais da profissão jornalística.
Um comentário:
Anônimo
disse...
deve-se indicar quais são as marcas de televisores que se fabrica em Juarez, para que brequemos as vendas, ate que as autoridades passem a agir.
Um comentário:
deve-se indicar quais são as marcas de televisores que se fabrica em Juarez, para que brequemos as vendas, ate que as autoridades passem a agir.
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