terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Desespero (2)

Os dias passam e sinto que estou morrendo, não fiz nada hoje, o dia passou tão rápido! Quantos anos passados, quantos anos perdidos, quanta coisa poderia ter sido feita...

A merda da esperança, de que posso mudar alguma coisa, a merda da esperança que ainda há tempo para fazer algo. E se não der? E se tudo isso não valer de nada no final? Não quero morrer pensando que tanto tempo se passou e minha vida não significou nada para a humanidade. Tenho medo de não conseguir realizar, ou ao menos tentar fazer tudo aquilo que preciso e desejo.

Viagens, nascimentos, frutos, vida, mudanças, conhecimentos, felicidade, magia... Talvez nada disso possa acontecer... Mas quero sinceramente que aconteça! Preciso! Quero ser feliz, às vezes fico viajando em meus pensamentos e duvidando da existência da felicidade, algumas pessoas dizem que isso é idealismo, e como tento ser materialista, não deveria acreditar nisso... Mas se acho que em alguns, poucos ou muitos momentos acreditei sinceramente estar nela... Como é então?

O reencontro com um grande amor, a espera num aeroporto, numa estação de trem ou numa rodoviária por alguém que há muito tempo não podia ver em minha frente. Ver seu rosto mais uma vez, seu sorriso, sentir novamente sua pele, seu abraço protetor, seu cheiro, seus lábios, seu sabor, ouvir novamente sua voz baixinha em meu ouvido, ou apenas sua respiração, às vezes olhar em seus olhar, e poder me ver dentro deles, sorrir por nada e por tudo ao mesmo tempo, chorar por não ter nada, somente ele, por não pensar em nada, somente nele.

Ah! Essa ferida que nunca fecha! Quero sentir novamente tudo isso; mas como posso? Um sentimento me prende ao passado, que sei não será presente, nem futuro. Por que a merda da esperança me atormenta em sonhos idiotas? Não poderia simplesmente lembrar do sofrimento que vive até hoje por causa dessa dor? Será que isso é mesmo a felicidade?

Pensei que poderia esquecer. Fugi de pessoas, lugares, coisas que me recordavam o passado, descobri que ele estava dentro de mim, e onde quer que fosse ele estaria aqui.

Penso em coisas que falei... frases surgem na minha mente como letreiros luminosos que insistem em chamar minha atenção e perturbar minhas ações. Até parece ser magia.

"Não importa onde, como, quando e com quem esteja, sempre irei te amar!"

... queria nunca ter acreditado nisso, mas naquele momento; ah! era a verdade, simplesmente a verdade, tinha certeza, como nunca tinha tido até então. Existia tanto sofrimento e ao mesmo tempo tanto amor naquelas palavras! Acho que seria impossível aquelas palavras serem apagadas facilmente de minha mente. Não sei se quem as ouviu, realmente acreditou; provavelmente não, mas sei que não consegui, até hoje, passar um único dia de minha vida sem pensar nelas.

É incrível como agente consegue dar tanta importância, tanto valor assim as palavras.

"Eu te amo!"

Por que essa frase tão curta, pode ter um significado tão forte pra algumas pessoas?
Damos um valor irreal e egoísta as palavras.

Patrícia Ribeiro

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