segunda-feira, 18 de maio de 2009

IMPRENSA PARAIBANA APÓIA VIOLÊNCIA DE POLICIAIS

Trabalhadores e trabalhadoras do Movimento Sem Terra (MST) ocupam área improdutiva, a fazenda Cabeça de Boi, no município de Pocinhos, na Paraíba.

O fato dá origem a uma série de ações, declarações, contradições, depoimentos, suspeitos da proprietária Maria do Rosário Rocha e da Polícia Militar; os quais foram convenientemente apoiados pela imprensa paraibana, que cumpriu fielmente o papel declaradamente de defensores dessas duas instituições (Capital e Forças Armadas) no momento que apresentaram unicamente suas versões e impossibilitaram, negando espaço para as declarações e defesa dos vitimados (os trabalhadores sem terra).

Durante a ação, sessenta famílias (entre eles crianças e idosos) fogem desesperadamente por entre espinhos e arames farpados na tentativa de se protegerem dos disparos e da violência dos policiais e jagunços contratados pela Sr.ª Rocha. Barracas, colchonetes e um carro que servia de apoio aos trabalhadores são incendiados, nesse momento sete trabalhadores (entre eles dois adolescentes menores de dezoito anos) são torturados, espancados e humilhados – os policiais jogam querosene nos corpos dos detidos, ameaçando atiçar fogo queimando-os; da mesma forma atearam fogo na casa grande em que os pequenos (filhos dos trabalhadores) se preparavam para dormir; um dos jovens detidos é jogado dentro da casa em chamas, ele consegue se salvar, porém adquire queimaduras de 2º grau resultantes em seu corpo.

Cinco trabalhadores foram liberados após seis horas de torturas, os outros dois trabalhadores foram levados a delegacia de Pocinhos e em seguida (02 dias após) encaminhados ao presídio do Monte Santo. Entre os cinco que foram liberados, alguns apresentavam queimaduras e passaram por exame de corpo de delito; os dois pais de família apresentavam hematomas, deformação no rosto, queimaduras no corpo e andavam com dificuldade.

Após o despejo ilegal e violento que a Polícia Militar, sob o comando do Tenente Jonat Midore Ysak, realizou contra as 60 famílias de trabalhadores rurais, a imprensa iniciou uma série de publicações de apoio moral, político e solidário a Senhora Rocha. Cumprindo mais uma vez com o seu papel de defensora árdua da propriedade privada, a imprensa dá aberturas para conhecidos questionamentos a respeito de sua imparcialidade e neutralidade.

A criminalização da pobreza e dos Movimentos Sociais tem sido uma prática comum e recorrente no Brasil e este é mais um episódio deste longo martírio marcado por espancamentos, torturas e assassinatos. Até quando iremos assistir a esses atos criminosos, por acreditar que estamos num estado de direito? A tão divulgada e defendida democracia nos possibilita o direito a ver, ouvir e falar o que realmente pensamos, queremos e desejamos? Que liberdade de expressão é direito muita gente sabe, mas quem de fato se utiliza desse direito, e que conseqüências adquire com sua expressão crítica, não se sabe, ninguém nunca soube, ou será que estamos vendando os nossos olhos para não ver, não ouvir e não saber?

Tais fatos evidenciam a violência (não se limitando a questão física) de nosso querido estado democrático, o qual prega liberdade, fraternidade e igualdade (só não ditas até hoje de quem). Essa história está se desenrolando no sentido, de mais uma vez, envergonhar a história desse estado, manchando de injustiça a justiça, de tortura os direitos humanos, de arbitrariedade a polícia e de sangue de trabalhadores a terra que deverá ser justamente dividida, por todos e para todos.

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