sábado, 14 de novembro de 2009

Há um minuto antes da morte

Por um minuto pensei não existir mais
E tudo se fez escuridão
E a luz se apagou
e a chama se desfez

Por um minuto pensei não existir mais
e pensei
no vermelho do meu sangue
no vermelho do sangue daqueles que já partiram
Pensei que todas as bandeiras vermelhas desbotaram
não ouvi mais nenhuma palavra de ordem
e tudo mais silenciou

Lembrei das poesias, agora, não sei
meus companheiros pareciam mudos
queria gritar, mas eu também
estava sem voz

Por um minuto
pensei
não existir mais

o lilás que antes me ensinava tanto
nesse minuto
desconhecia
oscilava entre um azul turquesa forte e
um rosa bebê meigo e frágil, quase transparente
o colorido já não existia em mais nada

Tentei sorri
e
meus lábios estavam presos
por uma gosma amarga e fria
ela deixava-me roxa, cinza
áspera...

Por um minuto
pensei não mais
existir

Daí, não pensei
somente assistia a tv globo
e me anestesiava do cansaço
das dores que sentia em meu corpo
das perguntas que alfinetavam meu cérebro
Me enxergava do teto de minha casa
sentada no sofá
paralizada
como uma "zumbi contemporânea"

Por um minuto
morri
e, ao olhar pra dentro de mim
vi
o quanto ainda preciso viver.

Libelula
14.11.09 (19:45)

Um comentário:

Ângela Pereira. disse...

Há vida depois da morte!

à Patrícia.

Em cada minuto da vida, somos convidadas a aprender com ela, ousando, desafiando a nós mesmas e os outros...
Em cada minuto da vida, somos convocadas a ser solidárias a dor das outras...
Em cada minuto da vida, é sempre bom lembrar: o protótipo de vida que morre traz a vida de quem fica!
O sangue que escorre
Afirma a direito a nossa própria vida!

Ângela Pereira.