Não um protesto, mas
reprovação àquela
renúncia que se faz
à vida: só a ela,
a ela, só, entrega
todo o teu ser: repele
aquilo que te nega;
e em ti o amor revele.
E tanto te embriagas
à fôrça do teu canto,
que nêle te consagras
e mostras teu espanto
de vê-lo em transparências
de uma fiel conduta:
e fazes confidências
pelo teu verbo: é a luta
de amar e desamar
e sempre estar à carta
de um sonho: renunciar
o que não te retrata.
Ouve o teu ser: resiste
às duras peripércias
de um tempo atroz; assiste
a tudo como em festa.
Destarte não te esqueças
de à flor te dares: isto
é o de melhor que resta
de todo o sacrifício.
Não sepultar a vida
mas nela limitares
a amar o que convida
além dos teus cantares
e achar-te e ver-te além,
ganhar teu tempo; fato
é ser e estar; convém
lembrares que mais grato
é a cada instante amar
firmado nessas lutas;
de resto, é só estar
sereno: assim te escutas.
Não um protesto: falas
de amor em vero grito;
e levas (sem muralhas)
teu sonho ao infinito.
INTERVALO; O Peregrino. Wilson Alvarenga Borges
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